sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Acidente Infeliz

Pois bem meus amigos, venho aqui deixar a minha mais recente história ao comando de um motociclo. Com este post, apenas pretendo partilhar a minha experiência e acontecimento, que alguns de vós sei que partilham comigo, pois este tipo de incidente não é a primeira vez que acontece, e infelizmente também não será o último.

Como alguns de vós já sabem ou não, adquiri recentemente uma menina dos meus olhos, uma novinha em folha Tenere 660z (já tinha 1120km, como tal, não era nova, mas para mim era claro), adquiri a mota na sexta-feira passada, dia 19, vim com ela de Lisboa até cá, sentia-m radiante, tinha quilo que sempre quis ter, um motão.
Alguns dos vespistas tiveram oportunidade de a ver durante o fim-de-semana, e os que viram, gostaram, ou pelo menos pareceu-m que sim, em especial o vespista Dark Manson, que nem se quis sentar em cima dela..hehe, tinha medo de gostar demasiado.
Infelizmente na segunda-feira estava a chover em demasia, mas eu já tinha combinado deixar a motinha nos Machados, ainda de manhã para por as respectivas malas, e ficar assim totalmente apetrechada, para depois poder ir até ao fim do mundo nela.
Seguna-feira bem cedo, recebo a bela da seguinte mensagem: "amigo vai devagar. abraco" do vespista Manson, fiquei muito contente com a msagem e repondi com entusiasmo: "obrigadao manson,e bom saber o espirito k vai dentro de nos..gand abraco, mas hoje vou so lvala aos machados pa fazerem umas pequenas coisas!"
Com mota nova,não há chuva que resista, e eu lá sai de casa, cerca das 9.30, ninguém podia prever tudo o que ia acontecer a seguir.

Sai de casa em direcção aos Machados, a chover bastante, lá ia eu bem devagarinho, não fosse a menina constipar, passo o cruzamento antes dos machados, o que dá para o recheio ou para o penugiro, e como sabem, logo a seguir tem uma paragem de autocarro, quando vou a passar a paragem, bastante de vagar por sinal, um vulto cinzento atravessa mesmo à minha frente a estrada, amarro-me aos travões, eu seguia mesmo no meio da faixa de rodagem, mas aquela distancia o embate foi impossível de evitar, era uma senhora (de apenas 29 anos) com um guarda-chuva cinzento que a cobria. O embate foi devagar, mas forte, a minha mota era gigante ao lado da menina, quando lhe bati e vi o corpo dela a torcer-se, parecia que todos os ossos do corpo dela estavam a parti-se, a cara de sofrimento/surpresa pelo acontecimento, ainda a tenho gravada na minha memória, a coitada da menina nem viu ao certo o que lhe tinha acontecido. 
Ela caio para a frente, em direcção à faixa de rodagem oposta, mesmo à frente de uma carrinha ford transit, que estava a parar, acho que ainda chegou a bater na carrinha antes de cair no chão.
Eu lá atirei a minha mota nova ao chão, fui a deslizar uns 5 metros pelo alcatrão, acho que estava a deslizar e a levantar  a minha mota ao mesmo tempo, não estava a acreditar no que estava a acontecer, a minha mota nova não podia estar no chão daquela maneira.
Levantei a mota e atravessei com ela a estrada, pousei-a e fui a correr socorrer a senhora.
Já estava no chão, via-se algum sangue à volta da cabeça, uma perna partida e um braço em mau estado, obriguei-a a ficar quieta, e comecei a falar com ela para que não se deixasse ficar inconsciente.
Os bombeiros e ambulâncias pareceram ter demorado uma eternidade a chegar ao local, mas assim que chegaram fizeram um trabalho impecável, a senhora foi socorrida, colocada numa maca, posta na ambulância e seguiu para o Hospital da Póvoa.
Eu fiquei a li, rodeado de policia, e pessoas escandalizadas, até que me apercebi que eu não tinha rigorosamente nada, apenas tinha rasgado as calças do impermeável e tinha a minha mota nova desfeita, incrível as coisas que podem acontecer em segundos, ninguém imaginava.

Sigo com a policia também para o hospital, pois quando existem feridos graves em acidentes, todos os intervenientes têm de fazer teste de álcool e despistagem de droga. Escusado será dizer que aquela hora nada acusou, apenas excesso de mel no sangue, pois tinha comido cherious antes de sair de casa, estou a brincar claro.
Quando lá cheguei, os médicos dizem que ela tem a perna partida, um braço fracturado, qualquer coisa na cabeça e que deve ter alguma hemorragia interna, tudo perfeitamente curável, fiquei logo mais descansado, a coisa caricata que de rir não tem nada, apenas para chorar, vem a seguir, quando os médicos preparam tudo para ela ser tratada, a senhora recusa, dizendo que é Testemunha de Jeová e que não pode aceitar sangue de outras pessoas. ALGUÉM ACREDITA NISTO?!?! TESTEMUNHA DE JEOVÁ.
Pois bem, basicamente o que a senhora estava a tentar dizer era que queria morrer, e os médicos nada podia fazer para a salvar.
Eu não tenho nada a ver com as religiões, sou completamente ateu, e nem julgo a religião dos outros, mas isto de ser testemunha de jeová e não aceitar sangue de outras pessoas, é que já não tolero.
Os médicos ficaram simplesmente incapacitados de fazer seja o que for para salvar a menina, no hospital descubro que tem apenas 29 anos, que se chamava Maria e que estava a divorciar-se, felizmente não tinha filhos. Sem os médicos na póvoa poderem fazer nada, é transferida para o Hospital Pedro Hispano, a família completamente de rastos, principalmente a mãe, enquanto que o irmão se manteve bastante calmo é o nosso elo de ligação para com a menina, mantendo-nos informados sobre o estado clinico da mesma.
Felizmente para mim a menina esteve sempre bastante lúcida nos primeiros momentos, mesmo no hospital e manteve sempre a historia de que a culpa era dela, pois não queria nada ver aquela família virada contra mim, desfaziam-me em bocados certamente se pudessem.
A partir do momento em que ela parte para o Pedro Hispano, perco o contacto com ela, e tudo o que sei e que conto a partir de agora, é contado pelo irmão dela, que fala ao telefone frequentemente com o meu pai.
No Pedro hispano, por volta das 5 horas da tarde, a menina cede aos médicos, não sei por alma de quem, mas felizmente que assim foi, pena ter sido apenas 7 horas depois do acidente, o que mesmo para nós que não somos médicos, conseguimos perceber que é algo muito errado e que não pode ter sido nada de bom.
Dá entrada no bloco operatório as 5.30 sensivelmente, de onde sai por volta das 8.30, em coma induzido, depois de lhe ter sido retirado o baço e um rim, e de se saber que teria algumas costelas partidas, certamente estes casos mais graves de rim, baço e tudo o resto poderia ser perfeitamente evitado se ela tivesse deixado ser tratada prontamente, mas agora, não havia nada a fazer.
No dia seguinte, sei que a menina começou a inchar, pois não conseguia respirar convenientemente, os médicos achavam então haver uma perfuração do pulmão, o que leva a uma nova intervenção cirúrgica.
Tudo o que sei a este momento não é agradável, pois parece que a menina está ainda em coma induzido, e que se encontra "aberta" para poder respirar e que aos poucos vai sendo cozida de modo a não fazer rejeição aos pontos.

Tudo isto é triste, triste para mim, triste para a menina, triste para a minha família e para a família dela, assim como para os meus amigos e para os amigos dela.

Desculpem ter escrito tanto, mas não consegui escrever isto por meias palavras, gostava era mesmo de nunca ter tido necessidade de escrever o que escrevi. 
Se souber de alguma novidade em relação aos acontecimentos, eu posto aqui para que todos fiquem a saber.

Espero muito que a menina fique bem, gostava de ter posto mais 20 cherious na minha malga dos flocos de manha pois ia demorar mais um segundo a comer aquilo, ou então de ter escrito uma mensagem maior ao Manson, o que teria demorado mais, e assim tinha passado um ou dois segundos depois naquele mesmo local e todos estaríamos bem neste momento.

Força Maria!

2 comentários:

Ricardo disse...

amigo infelizmente estas coisas que só pensamos que acontecem aos outros tb nos acontecem a nós...espero que tudo corra bem para a míuda...grande abraço para ti

neca disse...

dass...